Você acha ruim a polarização lulismo x bolsonarismo? Então, prepare-se. Vem coisa pior por aí. Está recomeçando a disputa entre a antipolítica e a política. De tempos em tempos, em época de eleição, eles aparecem e tentam chegar ao poder. Raramente têm sucesso. Quando conseguem, fazem um estrago danado. Remember, como diria um millennial, Fernando Collor, lá nos idos de 1989, e o recente – e de péssima memória – Jair Bolsonaro.
Eles se apresentam como os antipolíticos, esses que gritam contra o sistema, mas estão sempre na sombra do poder e fazem uso dele em benefício próprio…
Neste ano de eleição municipal, temos um representante da espécie candidato a prefeito de São Paulo. Quer pouco, ele não? Sem dizer, até agora, uma palavra a respeito dos problemas de São Paulo e de como pretende resolvê-los, ele se apresenta como um outsider, paladino da moral e dos bons costumes, embora tenha sido condenado por crimes contra o sistema bancário quando tinha só 18 anos… E ele quer só a prefeitura da maior cidade da América Latina…
Como um antipolítico, embora já tenha tentado se candidatar à presidência da República e disputado eleições para vereador e deputado federal (sempre impugnado pela Justiça Eleitoral), ele grita acusações infundadas. Oportunista, faz merchandising das próprias empresas e aproveita a participação em debates e programas de entrevista para gerar memes nas próprias redes sociais e nas de seguidores remunerados, como ele próprio diz que tem numa entrevista ao programa Fritada, transmitido em canal no YouTube, quando afirmou que tem adolescentes ganhando até R$ 400 mil em parcerias com ele…
A participação desse candidato nas redes sociais é a melhor demonstração da necessidade de regulamentação dessas ferramentas de comunicação. Ele teve as redes suspensas pela Justiça Eleitoral na semana passada. No mesmo dia da decisão, conclamou o rebanho de seguidores a acessar seus canais reservas. E ficou tudo por isso mesmo. Lá está ele, posando de perseguido e ameaçando entrar até nas nossas geladeiras…
O goiano – aprendiz de Bolsonaro – que quer ser prefeito de São Paulo vai dar trabalho dobrado para os marqueteiros políticos. Além de mostrar a competência de seus candidatos, as assessorias de comunicação precisam neutralizar os ataques e equilibrar a ocupação de espaço nas redes sociais. O que se vê, até agora, não é muito animador. É notório que o candidato do PRTB (você já tinha ouvido falar nessa legenda?) não sabe nada de São Paulo. Então, ele leva o debate e conduz as perguntas de entrevistadores para o que ele chama de política e eu prefiro apelidar de baixaria.
E os adversários embarcam… Em vez de pedir que ele se manifeste sobre problemas de um bairro, uma escola, uma rua pouco conhecida, acabam levantando a bola para ele pedindo que comente o comportamento de outros candidatos (acreditando, meio ingenuamente, que ele não atacara o perguntador…), perguntando sobre a condenação dele (o que lhe dá a chance de se mostrar o perseguido) e sobre a ligação de dirigentes do partido dele com o crime organizado (o que levanta a bola para ele chutar como o craque que vai limpar a política).
Então lembrem: Bolsonaro tinha 8 (oito) segundos diários no Rádio e na TV e teve direito a 11 inserções em toda a campanha do primeiro turno em 2018… E as redes sociais não tinham a audiência atual. Bolsonaro foi o precursor do uso dessas ferramentas de comunicação. Nadou de braçada. Ganhou a eleição.
O M de São Paulo não esconde de ninguém que vai fazer qualquer negócio para ganhar a eleição. Ele não tem nem um segundo no rádio e na TV. Então, ou os progressistas aprendem a usar as redes sociais, ou correm o risco de ver M na prefeitura de São Paulo. Afinal, o risco é que dê M%$#erda na eleição.
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