A autora é a paulistana Claudia Giudice, escritora e jornalista, empresária e sócia proprietária da pousada A Capela, que fica na Praia do Piruí, em Arembepe, na Bahia. Neste verão de 2025, nos conhecemos e trocamos livros. Foi um encontro feliz que me comoveu muito. Claudia é autora de “A vida sem crachá” (Ediouro/HapperCollins, 2015), que ainda não li, e coautora de “Arembepe, aldeia do mundo” (Máquina de Livros, 2022), que li e gostei muito. Seu livro mais recente “Sem Pai Nem Mãe” (Editora Máquina de Livros, 2023), que acabei de ler, fala da dor que sentiu ao enfrentar a morte do pai e da mãe, ambos com câncer, em um período de seis meses. Inquestionavelmente, um tempo muito curto para processar uma perda tão avassaladora. É um relato emocionante da relação com cada um, que mostra os diversos lados de uma convivência familiar, entrelaçando o antes, o durante e o depois.
Nas páginas do livro encontramos a criança, a adolescente, a jovem libertária que sai de casa, toma conta da vida, tem um filho, vai para Arembepe e torna-se uma empresária bem-sucedida, sem jamais imaginar o que o destino reservava para ela no futuro. Na contracapa, a jornalista Cynthia de Almeida, cocriadora do projeto Vamos falar sobre o luto?, escreve: “O luto antecipatório, desconhecido e indesejado, não é, como o adjetivo sugere, uma antessala ou sua precipitação. É o luto, ele mesmo, em suas mil formas, doses e camadas”. E é dessa maneira, sem negar o que sentiu e sente, entre idas e vindas, lágrimas, desespero, perguntas, respostas, ou falta de respostas, dores e inquietações, que Claudia nos faz mergulhar em uma leitura densa, cravada de emoções, às vezes bem difícil.
Momento de fechar o livro, respirar fundo para continuar a leitura no dia seguinte. Foi assim que desbravei as 175 páginas e me encontrei em muitos trechos.
“A experiência de reconstrução não é algo treinável. Não dá para imaginar como é perder a pessoa. Não dá para deixar a mala pronta”. Não dá mesmo! E assim, passo a passo, com a mala aberta, vamos assimilando o sofrimento, as despedidas e entendendo a força do amor que segue nos acompanhando, mesmo que a solidão seja avassaladora em alguns momentos. “O amor não precisa do tempo para existir. O amor não morre. O amor tem memórias. O amor transborda com a vida. Ela chama.” E a vida que nos chama pulsa e, ao pulsar, aponta para a necessária resistência, sem negar o sofrimento provocado pela morte.
“Sem Pai, Nem Mãe” descortina uma história de amor incondicional, que nos ensina muito sobre a morte, o luto e a importância do viver.
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Foto da Capa: Montagem sobre foto de Luana Alves / Divulgação