Fui criada para pensar que mulheres não são muito confiáveis, que elas competem umas com as outras, que não são boas chefes, que são muito complicadas. Além disso, não são muito boas em guardar segredo, pois adoram uma fofoca! Conviver em um ambiente cheio de mulheres é difícil. E ainda ter que aguentar tantas TPMs! Sofrido, né?
Com o passar dos meus 56 anos, posso afirmar que nos meus melhores e piores momentos mulheres se fizeram presentes, avó, mãe, irmã, amigas, tias, vizinhas, primas, colaboradoras, colegas, filhas, desconhecidas. Sempre um olhar atento, cuidador, de quem reconhece a outra na sua dor ou no tanto daquela conquista, que me acolheu, apreciou e amparou.
Assim, cada vez mais ao longo da vida percebo a importância do pertencimento em grupos de mulheres para que pudesse desenvolver minha autoconsciência, meu processo de construção de autoestima e de compreensão de mim mesma como parte de um coletivo. Hoje tenho o privilégio de participar de alguns grupos de mulheres, entre eles o das Mulheres Phodásticas, nascido a partir da rede criada no Coletivo POA_Inquieta.
Trago meu depoimento pessoal porque ser mulher no mundo atual é muito contraditório. Só para dar um exemplo: Segundo a Fundação NOW, 43,2% das adolescentes afirmaram estar felizes com seus corpos, porém 45,5% delas consideram fazer alguma cirurgia plástica (!). Nas redes sociais, enquanto existe todo um time que grita “body positive”, tem outro que torce para você ser “a gostosa do pedaço”. Construir um caminho onde você sinta que seu coração e sua mente se sintam em sintonia requer autoconhecimento, esforço e apoio. Por isso, encontre a sua tribo de mulheres.
Ah, então você está excluindo os homens? Não, de jeito nenhum! Tenho amigos homens, eles são ótimos. Mas eles também têm a turma do futebol, a turma do bar, a turma do trabalho, certo?
Estar entre “a gente” nos dá a oportunidade de fazer trocas num nível mais profundo e a entender que essa conexão é uma rede de proteção, de autoamor. Num grupo de mulheres, quando se pauta um assunto, tem coisas que nem precisam de explicação, pois todas nós sentimos, vivemos e – muitas vezes – sofremos ou celebramos (maternidade, casamento, desencontros, trabalho, beleza, autocuidado) por causa deles. E, a partir dessas conversas, a gente vai se entendendo e ajudando as outras a se encontrarem também.
Para você que até agora ainda ficou com alguma dúvida: resultados de uma pesquisa da Universidade da Califórnia mostram que amizades femininas são fundamentais para a saúde mental e que podem ser um dos fatores pelos quais vivemos mais do que os homens, quanto mais amigas uma mulher tiver, maior é a possibilidade de que chegue à velhice sem problemas físicos e levando uma vida plena e saudável.
Essa 4ª feira é marcada pelo Dia Internacional da Mulher, um dia para luta pela igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres. Sabemos que estamos longe disso. No Brasil as mulheres ainda recebem menos que homens, tem menor participação em cargos de chefias, sofrem com índices altíssimos de violência doméstica, estão menos representadas no mercado de trabalho. São vários desafios para nossa sociedade. E qualquer desigualdade é uma violência que prejudica toda sociedade, não apenas a vítima. Mas por onde você pode fazer a sua parte? Sugiro começar convidando seu grupo de amigas para se reunir e conversarem!
Karen Garcia de Farias é articuladora do Coletivo POA_Inquieta, Embaixadora do Movimento Lab60+, Consultora na Longevida. Graduada em Comunicação Social, Pós-Graduada em Marketing pela ESPM, Pós-Graduanda em Neurociência e Comportamento pela PUCRS.