Hoje vou falar de um artista que conquistou o mundo com sua arte. A trajetória é ousada e seus desenhos espalharam-se do Ocidente para o Oriente. Único brasileiro selecionado para a Artmossphere Biennale de Moscou/Rússia, lá foi ele mostrar sua arte. Na volta passou por Portugal e no dia 7 de junho inaugurou a exposição individual Vida Paralela na Galeria Jóia, em Lisboa.
Natural de Porto Alegre, Amaro Abreu é formado em Artes Visuais e trabalha desde 2006. De um jeito bastante peculiar rabisca, desenha, grafita em espaços urbanos. Cria paisagens em um planeta desconhecido, onde plantas e seres evoluem em harmonia com a natureza. Pelo Brasil, a exposição Vida Paralela passou pela Galeria Mario Quintana, em Porto Alegre, pelo Instituto Goethe de Salvador, na Bahia, e pela Jeffrey Store, no Rio de Janeiro. Amaro andou também por Santa Catarina e São Paulo, deixando seus traços em muitos muros e paredes. Em 2016, publicou “Habitat” (Editora Libretos), um livro que traz desenhos e escritos sobre sua trajetória. Fui uma das pessoas convidadas para escrever no livro, o que fez com que eu me aproximasse mais ainda dele, que conheci criança. Hoje somos muito amigos.
Aos 34 anos, para além das fronteiras brasileiras, Amaro já pintou e participou de eventos em países da América do Sul, da Europa e do Oriente Médio, inclusive no histórico Muro de Berlim. Em 2015, passou um período no México para conhecer a região e fazer contato com artistas locais. Em 2018, esteve em uma residência no Oriente Médio. Andou pelo Egito, Líbano, Síria e Índia. Nesta jornada, participou da Bienal do Cairo, realizou oficinas, fez palestras, pintou no campo de refugiados palestinos Nahr al-Bared e foi para as ruas com o objetivo de conviver com a população e entender um pouco mais aquele universo que o impressionou muito.
Vivências sempre são fontes de inspiração para Amaro
Recentemente, entre maio e junho, encarou mais alguns desafios. O reconhecimento da sua produção artística pela Artmossphere Biennale, realizada em Moscou, capital da Rússia, um dos principais eventos internacionais de arte. Amaro foi o único brasileiro entre os 48 artistas selecionados para esta edição. No júri, integrantes de grandes museus como o de Arte Moderna (Momma) de Nova Iorque. E no dia 7 de junho inaugurou a exposição Vida Paralela na Galeria Jóia, em Lisboa/Portugal.
Com lápis, tintas, sprays, nanquim, aquarelas, fantasias e desejos, Amaro cria seres e paisagens inusitadas a partir de um olhar sensível e crítico. Sua arte está nas ruas. Em muros, paredes, painéis, exposições. Atravessa fronteiras. Ocupa espaços colorindo a vida que pulsa em todo lugar, de todos os jeitos. Das suas mãos brotam desenhos que falam da vida vertiginosa que levamos, do que nos ampara no dia a dia, das relações que nos acolhem, das nossas fragilidades, sonhos e diferenças, da urgência de atitudes para proteger o meio ambiente.
Que segredos guardam esses seres circenses e melancólicos, brutos e lúdicos, enraizados e soltos, frágeis e fortes que desenha? Saltitantes, voadores, lisérgicos, à beira do abismo, amordaçados, à espreita, despedaçados e inteiros, ingênuos e intrépidos, suaves, carnavalescos, de olhos arregalados, genuínos na sua adorável imperfeição, o que querem dizer assim tão inconstantes?
Dizem de nós, seres fragmentados, assustados, urgentes, às vezes dilacerados, sonhadores, felizes e infelizes que somos. Humanos!
Dizem dos outros que nos habitam. Revelam nossas tantas faces, nossos sentimentos divididos diante de um mundo multifacetado e sedutor, encantador e cruel, que descobrimos e construímos, exploramos e destruímos. Reconstruímos? Habitável?
Dizem da frágil condição humana e das vidas paralelas que tentamos equilibrar.
Dizem da nossa coletividade e da nossa solidão nessa caminhada frenética em busca de luz, harmonia e ar puro para respirar profundamente. Quem sabe buscando no horizonte um final feliz.