Uhuuuul! Sextou! Vou bem ali aproveitar a vida! Fim de semana merecido! Bora começar o fds com I, de inesquecível, e P, de perfeito!
Disse a pessoa que está tentando vivenciar esses momentos de forma a compensar a dureza da semana de trabalho.
A que madrugou a semana toda, pegou o ônibus lotado e ainda chegou atrasada na maioria dos dias.
A que está depressiva, mas mantém funcionalidades e por isso não reconhece suas limitações. Ao contrário, prefere mostrar aos outros o que nem ela consegue enxergar de si própria.
Disse também aquela pessoa que fez mil coisas achando que ser multifuncional é sinônimo de boa saúde.
Disse ainda aquela outra que quer esconder a sua falta de objetivos.
Disse a boazinha, que nunca está de mal com nada, acha que tudo é bonito, está sempre disponível, menos para si mesma.
Disse a que dá conselhos maternais por querer fazer o papel que até hoje não reconhece em quem deveria exercê-lo.
Disse a que tenta que o outro a veja, perceba seus sentimentos e quereres, mas que, como na música de Caetano, só recebe o inverso do que deseja.
Disse, igualmente, a que pratica excessos de toda ordem, inclusive de se enaltecer, de falar como se perfeição fosse possível, de mostrar rotina de trabalho e engajamento contínuo, entrando em todas as trends do momento.
Disse, enfim, a que critica todo mundo que pensa diferente.
Tudo isso tem sido dito por todos nós, em algum momento.
Está certo? Está errado? Claro que não.
Cada um sabe como quer ver e sentir seu mundo e o resto não tem – ou não deveria ter – motivo para opinar, muito menos criticar.
A conta da realidade aparece sempre, nem que seja no fim do dia, na companhia do travesseiro e do escuro da noite mal dormida.
Mas, na real, quem não julga?
Bem, enquanto uns refletem e outros se farão de desentendidos sobre o que estou apenas trazendo à tona e reconhecendo como algo comum a muita gente – inclusive a mim mesma, que, em alguma medida, já fiz e/ou ainda faço algo assim – vou bem ali.
Vou ver as pedras que me jogaram ou que eu mesma atirei.
Vou catar as farpas que acumulo ao longo da vida e que me foram atiradas também por pessoas próximas, em quem até confiei.
Afinal, como humana que sou, posso acabar utilizando-as também.
Mas, se possível for, quero quebrá-las, as pedras. Quero inutilizá-las, as farpas.
De modo que ninguém mais, nem eu, possa delas fazer uso sobre o que cada um prefere dizer ou mostrar e que só interessa a esse alguém.
Mildred Lima Pitman - sou Mulher, Mãe, Advogada. E agora, na maturidade, venho buscando, por meio da escrita, uma melhor versão de mim mesma.
Foto da Capa: Freepik
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