Abrir uma empresa no país dos contrastes e das infinitas possibilidades, onde a fertilidade de constituir CNPJ faz parte de um movimento liberal econômico, portanto, faça rápido, de qualquer jeito e pra ontem, ainda me causando arrepios. Eu cá, com todo o cabelo branco que possuo, destino estas palavrinhas para a compreensão sobre a importância de começar. Ou melhor, do bem começar.
A cada registro de CNPJ, desenha-se uma história de coragem, na qual “visionários” transformam rascunhos em planos concretos e dão vida a negócios, na medida em que saem a vender produtos ou serviços que sequer produziram, que sequer compreendem como poderiam ser vendidos, ou implicações vinculadas a esse fazer.
A ordem da vez é ousadia, seja inovadora, seja inovador.
Portanto, queridos leitores, este texto fala sobre não abrir um CNPJ como estratégia de carreira frustrada, pois se deparar com redemoinhos que se julgam demônios é raro, mas acontece muito. Fiquem com a referência literária de Dom Quixote.
Compartilhando experiências, mentoria informal, em que empreendedores mais experientes compartilham insights e conselhos, se dedicando à pessoa, à capacitação daquele que está por trás do CNPJ. Hora de trazer nossas mulheres para este texto. A professora Saras Sarasvathy, autora do livro Effectuation: Elements of Entrepreneurial Expertise, que dedica-se a estudar sobre a criação de negócios, nos ensina que: “Antes de haver produtos, há humanos imaginando, e antes que haja um mercado, são aspirações humanas”.
O livro trata do método effectuation que, na prática, nada mais é do que despir o CNPJ e usar quem você é, o que sabe e quem conhece para abrir uma empresa de sucesso. Ou seja “Levando em conta quem eu sou, o que eu sei e as pessoas que eu conheço, que tipos de negócios bem-sucedidos eu posso abrir?”
Escrever sua própria narrativa empresarial envolve muito mais compreender o que você quer, dentro do seu campo pessoal. Pode esquecer a história de que as pessoas abrem empresa para ganhar dinheiro/para ficar rico. Em números, 70,9% dos empreendedores que abriram sua empresa em 2022 tem como sonho “ter o próprio negócio”, como aponta o estudo da Global Entrepreneurship Monitor.
A conjugação desse verbo ter, como coisa para si, reflete em números de empresas de consultoria sobre/ para negócios, que em 2021 ultrapassou o número de 161 mil empresas ativas, sendo que em 2022, a consultoria foi uma das atividades em maior crescimento vinculada aos profissionais liberais (a liderança segue sendo da minha categoria, advocacia).
Projetos como EmpoderAfro, desenvolvido pela ODABÁ – Associação de Afroempreendedores, criado para capacitar e apoiar afroempreendedores em suas jornadas de negócios, vêm desempenhando um papel fundamental ao oferecer orientação e apoio, para que cada negócio possa alcançar independência financeira e sustentabilidade, a partir do afroempreendedor.
Um belo exemplo de “bem começar” em conjunto, em coletivo.
Chris Baladão, bicho raro, formada e por coração advogada, na época em que o curso levava sociais em seu nome, escritora por necessidade de expor a palavra, bailarina porque o corpo exige, professora porque a experiência da vida precisa ser compartilhada.