Nestes tempos de conteúdos picotados, convido para ler meu novo livro de poesia, Irmão Robô. O poema é esse texto isolado na página, com espaços em branco em volta. O verso, diferentemente da frase, não vai até o fim da linha. Cada poema fala de um assunto acabado em si mesmo.
Antes dos cortes editados de vídeos, das breves postagens nas redes. Antes dos spots de trinta segundos, das headlines, o poema já dava o seu recado em vinte linhas, um pouco mais, um pouco menos.
É certo que o poema tem a manha de fazer o leitor ficar preso na página, lendo e relendo, olhando para cada palavra, repetindo um trecho, admirando um ritmo. Então já atrasa o hábito de ir rolando com o dedo e passar rapidamente de uma postagem pra outra. O dedo fica suspenso. Vira a página, hesita e volta.
Diminuindo a velocidade, como quem senta na areia pra olhar o mar, vai se descobrindo a articulação da sequência, de como um poema conversa com o seguinte, e um novo texto feito de intertexto começa a ser lido. É hora de parar, fechar o livro, colocar o marcador, caminhar pela casa. Deixar que o livro repouse.
Talvez no mesmo dia ou no seguinte, retomar averiguando de onde se parou. Reler um outro de que se tenha gostado muito. Tem quem dobra a pontinha da página, quem usa um lápis ou caneta pra sublinhar uma parte, para marcar no índice.
Depois de voltar, seguir adiante. Isso se não for dos que leem um livro de poemas aleatoriamente, abrindo em páginas diversas. Esses criam uma nova sequência, mas podem perder aquela do intertexto. Não há lei que proíba ler salteado. O livro é seu. Pagou por ele. No caso do Irmão Robô, pagou 40 reais.
Então esse é o convite. Lanço neste sábado, dia 20, às 17h, na Livraria Paralelo 30, rua Vieira de Castro, 48, em Porto Alegre, meu décimo quarto livro de poesia.
Antes da sessão de autógrafos, eu, o artista visual Leo Silvestrin, que fez a capa, e o poeta Jorge Fróes, que escreveu a orelha, vamos falar sobre o livro e ler alguns poemas.
Apareçam lá! Se não conseguirem ir, o livro está à venda no site da editora Libretos e também em diversas livrarias físicas e virtuais. E por que o título é Irmão Robô? Só lendo pra descobrir.
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