A edição de 2024 marcou os 70 anos da Feira do Livro de Porto Alegre, que segue exuberante, provando porque é Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da capital gaúcha e Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul. Acompanhar a movimentação na Praça da Alfândega de 1º a 20 de novembro, depois do que passamos com as chuvas intermitentes que alagaram tudo, foi emoção pura, acompanhada de muita alegria e esperança. Já passei por inúmeras edições da Feira. Inicialmente, pelo prazer de caminhar entre as barracas recheadas de livros, levar familiares, especialmente as crianças, e amigos. Depois, como produtora de rádio e televisão, nas coberturas, sempre desafiadoras. E, mais tarde, integrando a equipe de assessoria de imprensa. Na última edição em que trabalhei (2019), acompanhei de perto o empenho da Câmara Rio-Grandense do Livro/CRL para a realização. Sei da garra dos profissionais que levam o livro para a Praça da Alfândega, facilitando o contato democrático com a leitura. Sei da busca da verba necessária. Sei do incentivo para muitas feiras no interior do Estado.
Da impressão do primeiro livro – a Bíblia, por Gutenberg, em 1455 – até a primeira imagem de um buraco negro em 2019, somando-se as polêmicas geradas pelo uso da Inteligência Artificial/AI nos tempos atuais, a busca pelo conhecimento através da ciência, da arte e do contato físico desafia a humanidade. E a essência da nossa Feira é estimular o interesse pelo livro, pelas vendas e pelos encontros na Praça. Encontros que enfatizam a importância da leitura para desenvolver o pensamento crítico, a criatividade, a liberdade, promover o diálogo e expandir a cultura que nos dá raízes.
Há 70 anos ininterruptos, as barracas ocupam a Praça da Alfândega para a realização de uma das maiores feiras a céu aberto da América Latina.
Os livros na rua, espalhados pelas barracas, com bons descontos, ao alcance de qualquer pessoa que cruza a Praça. É com este espírito que a Câmara Rio-Grandense do Livro abraça a Feira. Livreiros, editores, livrarias, escritores e instituições se movimentam com muita garra para a realização de um evento que é patrimônio cultural da capital gaúcha. Evento que abre espaço para a nossa vasta e diversa produção editorial, através de várias ações – lançamentos, autógrafos, seminários, palestras, oficinas, encontros, saraus, homenagens e atividades artísticas que estimulam a reflexão, o lúdico e reafirmam a nossa identidade tão diversa. Ações que facilitam a difusão do livro de formas múltiplas. Várias vozes sociais reunidas, contribuindo com uma iniciativa que orgulha os gaúchos. Ver as pessoas na volta das barracas com tranquilidade e segurança para adquirir um livro é sempre estimulante.
É necessário preparar a Praça para receber as barracas, os autores gaúchos, nacionais e internacionais e as atividades que se desenrolam diariamente. Temas da literatura e do momento social, político, cultural e artístico do país e do mundo, que transitam pelas nossas vidas, fazem parte das conversas. Questões pertinentes à diversidade que os livros trazem instigam os debates. Quem lê um livro abre portas internas e externas ao tomar contato com cotidianos múltiplos. A literatura mostra outros pontos de vista, outras histórias, provoca deslocamentos, faz pensar. Além do contato direto com escritores, a Feira proporciona que crianças e jovens da periferia também tenham acesso ao universo que a leitura descortina, abrindo possibilidades para que outras comunidades e culturas se integrem e façam trocas. A programação infantil e juvenil é dinâmica e oferece muitas atividades para as escolas, contribuindo de forma lúdica para a formação de leitores.
A Feira é um livro aberto para todas as idades e todos os sonhos, agora já no caminho dos 71 anos na edição de 2025.
Todos os textos de Lelei Teixeira estão AQUI.
Foto da Capa: