Em 40 dias percorremos 10 mil km, o que corresponde a um quarto da volta ao Mundo. Não fomos tão rápidos e nem tão longe quanto no romance de Júlio Verne, a “Volta ao Mundo em 80 dias”, mas cada viagem é única e esta foi muito especial por muitos motivos. Tive a oportunidade de reencontrar amigos, alguns que fazia mais de 30 anos que não os via. Foi também uma oportunidade para refazer o roteiro que percorri duas vezes há cerca de 40 anos, na época viajando de mochila e pegando carona de caminhões nas estradas. Desta vez, viajando de carro de Porto Alegre a João Pessoa e de João Pessoa a Porto Alegre, conhecemos praias e locais que tínhamos muita vontade de conhecer. Passamos por dezenas de praias, por uma centena de cidades, mais de mil radares e um por um milhão de quebra-molas. Agradeço a Deus por termos feito tudo isto “de boa”, como dizem os meus alunos. Voltamos sãos e salvos. O carro alugado foi um grande parceiro, “as molas” resistiram bem e ele só pediu combustível e uns trocados para os pedágios.
Nos propusemos a fazer uma viagem mesclando experiências de acampar de barraca, de dormir dentro do carro quando necessário, pernoitar em pousadas simples, mas também nos demos o direito de ficar quatro dias num apart-hotel “pé na areia” na praia de Carneiros (PE – foto da capa) e curtir esta que foi uma das praias que eu amei. Seria muito difícil dizer qual a praia mais linda que visitamos, me atrevo a agrupá-las pelas suas características. Quem desejar tranquilidade, praias lindas e a possibilidade de conviver com comunidades de pescadores, recomendo a Ilha Grande (RJ), Trindade (na fronteira entre Rio e São Paulo) e Boipeba (BA). Se preferir povoados charmosos, com ruas não pavimentadas, bons restaurantes e muitas lojinhas, fica a dica de Caraíva (BA) e Barra Grande na Península de Maraú (BA). Se tiver que escolher outra cidade para morar, eu recomendaria João Pessoa, uma delícia de cidade, custo de vida relativamente baixo, tranquila e com praias lindíssimas.
Aprendi que além do desejo de viajar e de estar preparado para enfrentar eventuais dificuldades, para quem não quer viajar só, o fundamental é escolher bem as companhias. Quando encontramos a pessoa certa, é como cantava Beth Carvalho, “por onde for, quero ser seu par”. Nos anos 80 fiz a primeira viagem de mochila pegando carona nas estradas, até Recife, com o meu amigo irmão Sebastião Fialho Guedes. No ano seguinte, também pegando carona de caminhão, fui até Fortaleza com a mãe do meu filho. Quarenta anos depois, fomos de carro até João Pessoa, agora com a companhia da Grace. Fui muito feliz nas escolhas, pois todas estas companhias foram ótimas, o que permitiram a construção de memórias que guardo como relíquias. Percebi também o quanto gosto de voltar para casa, pois senti uma enorme felicidade ao entrar em Porto Alegre e no dia seguinte retomar a minha rotina.
Nesta viagem de carro tivemos a oportunidade de encontrar amigos que residem nas cidades por onde passamos. Foram reencontros deliciosos com amigos queridos como a Patrícia Tometich em Paranaguá (PR), Angélica Toniolo e Nathan em São José dos Campos (SP), Nilson Brum e Yayoi na Ilha Grande (RJ), Milto Fronza em Duque de Caxias (RJ), a família e amigos da Grace no Espírito Santo, Lafayette e Lois em Salvador, Michelle, Narciso, Júlia e Andréa Ventura em Lauro de Freitas (BA), Eugênio Pedroso e Tânia Silva, Jaqueline Guimarães e Charles em João Pessoa (PR). Com cada pessoa, boas conversas e muitas histórias. Senti uma energia muito boa e um reforço dos laços.
Ainda bem que eu não segui os conselhos do médico que me recomendou fazer esta viagem de avião porque seria muito perigoso ir de carro. Perigoso é não viver os sonhos. Perigoso é procrastinar nossos desejos. Perigoso é não procurar as pessoas que gostamos por estarem distantes. Quero continuar correndo estes perigos!