Na segunda-feira, 25 de outubro, foi sancionado pelo prefeito Sebastião Melo o projeto de lei nº 13.195/22, de autoria do vereador Alvoni Medina, que coloca o Outubro Verde, mês de valorização e defesa das pessoas com Nanismo, oficialmente no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre. É mais uma medida com o objetivo de esclarecer e convocar a população para combater uma discriminação absurda, que nos quer longe de espaços que também nos pertencem. Uma ação de acolhimento, justa e necessária, realizada no Dia Mundial de Combate ao Preconceito contra as Pessoas com Nanismo. Agora é preciso fazer com que esta lei efetivamente saia do papel para a prática e traga mais acessibilidade e inclusão para as nossas vidas em todos os espaços na cidade.
Eu estava lá ao lado de pessoas que lutam por dignidade e contra atitudes que nos agridem cotidianamente. Fui convidada pela amiga Vélvit Severo, uma ativista que admiro desde que nos conhecemos, responsável pela “Cartilha Escola para Todos – NANISMO”. Vélvit criou a cartilha a partir da experiência do filho Théo na escola. É uma história simples, lúdica, que traz ilustrações muito simbólicas e ensinamentos fundamentais para os colegas que o hostilizavam, amenizando a adaptação do menino com nanismo em um ambiente que se mostrou agressivo com a chegada de uma criança diferente. Na Cartilha, em um dado momento, a professora pergunta: “Vocês conseguem imaginar como o mundo seria sem graça se fôssemos todos iguais? Não conseguiríamos aprender quase nada uns com os outros, pois é com as diferenças que descobrimos novos pontos de vista, encontramos soluções e compreendemos que o mundo é bem maior do pensamos”.
Acompanhei as ações de Vélvit para que a cartilha chegasse às escolas e acho que a Frente Parlamentar de Valorização e Defesa dos Direitos das Pessoas com Nanismo pode abraçar esta causa.
Para minha surpresa, neste encontro fui escolhida como embaixadora e representante do movimento no Rio Grande do Sul, o que me emocionou muito. E ouvi da Vélvit, quando manifestei meu espanto e preocupação com tamanho compromisso: “Lelei, a ideia foi homenagear o teu ativismo. Queria que ficasse ligada a tua pessoa essa data, essa lei, que levasse teu nome pelo trabalho pioneiro no Estado. Admiro demais a tua jornada”. Entendi e a emoção só fez aumentar.
Esta é uma luta que assumi, ainda com a minha irmã, no momento em tomamos consciência e entendemos o quanto o preconceito nos agredia cotidianamente.
Esta é uma luta que está no livro “E fomos ser gauche na vida” (Pubblicato Editora), que lancei no final de 2020, e que neste mês de novembro chega à segunda edição. Uma edição revisitada, com a inserção de novos artigos e de alguns comentários instigantes que recebi e me estimularam muito a seguir escrevendo.
Mas preciso comentar também que agora a Turma da Mônica ganhou mais um amigo, um menino com nanismo. O novo personagem é inspirado na história de uma criança de Caxias do Sul/RS, Bernardo, filho de Flávia Berti Hoffmann, que conheci em um evento onde falei sobre a minha condição. Estou ansiosa pelo lançamento do livro chamado “Nosso Amigo com Nanismo” (Editora Culturama), de Maurício de Sousa. No primeiro dia de aula, Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e outros da turma, encontram o menino e começam a questioná-lo sobre o tamanho, o que possibilita que ele fale sobre as dificuldades das pessoas com nanismo, mostrando a importância da informação e do conhecimento para tornar a vida em sociedade mais amena e inclusiva. Certamente será um personagem que vai fazer a diferença.