Outro dia escutei uma ideia que gostei muito: quando estamos doentes, estamos desequilibrados. Esse desequilíbrio é produzido quando corpo e mente não estão em harmonia com o entorno. E muitos de nós não podemos negar que temos vidas desequilibradas.
Trabalhamos a maior parte do nosso dia em trabalhos alienantes, comemos comida industrializadas, não temos momentos de ócio e temos pouco contato com a natureza. Estamos em modo de sobrevivência e o corpo sente. Desenvolvemos muitas doenças que nada mais são o nosso corpo mandando uma mensagem de que algo anda mal. É nosso sábio organismo tentando voltar ao equilíbrio, colocando um limite e dizendo basta!
Uma expressão que está muito em voga é a work-life balance ou seja, o equilíbrio entre vida e trabalho. Com jornadas de 8h diárias é difícil conseguir algum equilíbrio entre os dois, mas muita gente está dando seus pulos e buscando alguma forma de equilibrar um dia que hoje, no mínimo, 1/3 do tempo é dedicado ao trabalho.
O que termina acontecendo é que trabalhamos tanto que chegamos ao famoso burnout, nosso limite mental e físico. É como fundir o motor do carro; ele para de funcionar e precisamos levar para o mecânico. Precisando de bastante descanso para equilibrar o muito trabalho que tivemos.
Por sorte, com a flexibilidade do trabalho remoto, muitos trabalhadores aproveitaram para fugir das cidades e procurar um pouco de paz e qualidade de vida. Outros estão mudando suas carreiras profissionais para algo que tenha mais sentido em suas vidas. Acho que estamos fazendo avanços nesse sentido e há luz no final do túnel.
Até aqui tudo certo, é fácil a ideia de equilíbrio, ainda que levá-la na prática nem tanto. Porém, um ponto importante é que o equilíbrio quer dizer harmonia entre todos os elementos. Equilíbrio entre o trabalho e ócio, entre esforço e recompensa. Ampliando um pouco mais, podemos incluir o equilíbrio entre o prazer e a dor, entre o amor e ódio, entre a violência e a paz.
Uma sociedade é inviável se somente temos ócio, mas também é inviável se só trabalhamos. É impossível sempre obter prazer sem momentos de dor. Momentos de dores são inevitáveis e tentar evitá-los a toda custa não é muito bom. Ter prazer, mas também poder passar pela dor, é saber viver basicamente. (Faço um parêntese aqui: dentro do prazer está a dor e vice-versa, por exemplo dentro do trabalho, onde há dever também podemos encontrar prazer).
Tampouco é possível amar a todos. Odiar algo ou alguém é muito humano. É importante entender o que/quem odiamos, porque odiamos. E aqui também abro parêntese para dizer que dentro do amor também existe ódio. Podemos amar e odiar alguém, é o famoso “amórdio”.
Talvez ou pouco controverso, mas o pacifismo e a violência também precisam de seu equilíbrio. Os homens inventaram uma coisa péssima que se chama guerra, para poder exercer violência, e inventaram coisas um pouco menos péssimas como UFC, clube de luta ou estádio de futebol, onde a violência é socialmente um pouco mais aceita. É nossa sociedade tentando encontrar esse equilíbrio.
O planeta Terra de alguma forma também vem tentando voltar ao seu equilíbrio depois que nós fizemos as temperaturas subirem de forma acelerada. Altas temperaturas no hemisfério sul que tentam se contrapor com baixíssimas temperaturas no hemisfério norte é uma tentativa de equilíbrio. Secas e enchentes também.
Enfim caro leitor, depois de “amórdio”, clubes de luta, aquecimento global e um texto bastante desequilibrado, convido-o a buscar harmonia na sua reflexão post leitura. Boa sorte!
*Carolina Murgi. Sou contadora, no trabalho conto números dos outros, aqui conto minhas histórias.