Nos anos 80, o rock nacional dominou a cena musical do Brasil. Foi um período em que bandas como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs e Kid Abelha lançaram canções que refletiam a mentalidade da juventude de um país que acabava de sair da ditadura militar.
Essa efervescência também era forte regionalmente. Tinha o rock de Brasília, o rock de São Paulo, o rock mineiro, entre outros.
No Rio Grande do Sul, bandas como Cascaveletes, De Falla, TNT, Replicantes e Engenheiros do Havaí ajudaram a construir o chamado “rock gaúcho” como estilo musical.
Foi neste contexto que se destacavam autores como Edu K, Frank Jorge, Júpiter Maçã, Julio Reny e Plato Dvorak.
O título da crônica de hoje, “Você não pode parar”, faz referência a uma música desta época e foi escrita pelo Plato Dvorak em co-autoria com Rodrigo Corrêa. O som acaba de ser regravado aqui em Portugal pelo projeto Electrograma.
E por que eu estou contando essa história? Porque, por acaso, o Rodrigo é meu marido e algo mudou por aqui desde que esta e outras músicas começaram a ecoar diariamente na nossa casa.
“O trem já está chegando, mas nem por isso, não, você não pode parar (…)
Você pergunta ao céu, eu estou caindo, em tempo de amor sem alma, novamente”
Rodrigo está vivendo plenamente a “gerontolescência”. Aquele jovem que, nos anos 80, estava na casa dos 20, está com brilho nos olhos e “sangue rock’n roll” na veia. A música, que durante anos precisou ficar em segundo plano, volta agora a ser uma parte importante da rotina, trazendo emoção, alegria e realização. Em vez de aposentar a guitarra, ele faz questão de que seja parte da decoração da nossa sala, fazendo mais barulho do que eu gostaria, confesso, mas deixando claro que a forma como envelhecemos hoje é completamente diferente e que ainda há tempo de sobra para apostar em novos e velhos sonhos.
Nós que estamos entre os 55 anos e 80 anos somos parte da geração “baby boomer” e estamos redesenhando uma nova forma de envelhecer.
O termo gerontolescência, criado pelo médico Alexandre Kalache para definir a fase em que as pessoas deixam a vida adulta para a velhice, vem sendo usado desde 2015 para definir a forma cada vez mais ativa e autônoma com que as pessoas hoje chegam à casa dos 60 anos.
A realidade é que hoje quem está em plena “adolescência da velhice” tem um ritmo de vida bem diferente do de décadas atrás. São homens e mulheres que não se rendem ao estigma da palavra “idoso(a)”. Muito pelo contrário, fazem questão de continuar a viajar, estudar, dançar, fazer esportes e resgatar sonhos antigos. Fazem questão de continuar a viver.
O Rodrigo é uma destas pessoas e o projeto Electrograma faz parte deste hall de sonhos. Como moramos fora do Brasil há muitos anos, ele vem mobilizando velhos e novos parceiros por meio das tecnologias digitais entre os dois países. Como sonho bom é sonho grande, o projeto visa promover e abrir novos mercados à boa música feita nos dois lados do oceano.
Assista abaixo o clipe da música Você não pode parar, do projeto Electrograma.
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Foto da Capa: Gerada por IA