Sim, às vezes eu me irrito
Dias atrás deparei
Com crítica cruel ao Fito
–
Achei meio deselegante
A forma desrespeitosa
Com o enorme cantante
–
Entre outras aberrações
O crítico reduziu o Fito
Apenas a duas canções
–
Bah, eu até ia lhe falar
Pra antes de escrever
Tratar de se informar
–
Mic, Mariposa, Depois do amor
Roda mágica, rodar
Seriam muitas a seu dispor
–
Pelas Tumbas da Gloria
Meu Deus!
Quanta beleza notória!
–
Posso até fazer playlist
E ela começaria
Com a força de Circo Beat
–
Mas deixa pra lá, talvez
É tanto coração oferecido
Que fico no onze e seis
–
E me lembrei duma convicção
A crítica às vezes é técnica
Mas tem pouco coração
–
Deixam de bater palma
Porque não conseguem
Enxergar com a alma
–
Fala muito intelectual?!
O risco é enorme
De se tornar boçal
–
Você me dirá que faz parte
E eu retrucarei
Perguntando cadê a arte
–
Tomara que não tenha lido
Assim, ao menos pra ele,
O texto passa batido
–
Não é fugir do tema
Misturar as bolas
E citar o cinema
–
Tem cara que escreve
Mas parece nem gostar
E ainda assim se atreve
–
Uma vez me surpreendeu
Que li e depois vi o filme
Tchê, o cara não entendeu!
–
Gosto de quem identifica
Os aspectos da obra
Que tornam a vida rica
–
O Goida é meu exemplo
Era muito bom lê-lo
Pra ele cinema é templo
–
Caras desses dão saudade
São aquelas pessoas
Que escrevem sem maldade
–
Mesma coisa na literatura
É impressionante
O que já li de crítica burra
–
Tem aquele que é tolo
E também o polemista
Que só vive atrás de rolo
–
Um desses polemistas
Destratou o Erico
E depois ampliou as listas
–
Sobrou até pro bruxinho!
E sabemos que pro hábito da leitura
Potter é ótimo caminho
–
Mas, voltando ao início, eu repito
Não façam isso
De destratar o Fito
–
É como algum insano
Que resolve do nada
Desconstruir o Caetano
–
E negar o talento do Gil?
Não deixo por menos
Seria ofender o Brasil
–
Não pensem que implico
Mas é uma aberração
Alguém detonar o Chico
–
E não posso achar normal
Se alguém desfizer
Do talento da Gal
–
Rita, Cazuza, Herbert, Raul
Mineiros e Russo
Blindados de norte a sul
–
Todos nós e Nenhum de nós
É o fim do mundo
Só ver o contra e não os prós
–
E sempre pode ser pior
Deixemos em paz
O Emicida e o Belchior
–
A lista seria longa
Talentos indiscutíveis
Na tonga da milonga
–
A cor do som e 14 Bis
Bandas precursoras
Assim como a Elis
–
Mas tem também os vizinhos
São lindos como os nossos
E merecem nossos carinhos
–
Fito, Charly, Calamaro
O punk do A77aque
Nesse som eu me amarro!
–
Por isso que reflito
Pra críticas embasadas
Primeiro ouçam o Fito
…
Do Fito em poema pro Renato em prosa
Pitaco sobre futebol: não sei como se resolverá. Não sou de implicar com as pessoas e tenho o Renato como ídolo. Mas foi mal, estátua (aliás, acho a tal estátua adequadíssima, merecidíssima, nem me importo com o cabelinho de Hebe, porque, ora, era o modelito da época)! Aquela entrevista foi uma das piores que já ouvi em 58 anos de vida e mais de 30 como repórter. É muito básico! Vamos a uma analogia meio grotesca, mas que funciona pro futebol. Se um pai faz críticas definitivas a um filho, se fecha a porta para qualquer perspectiva, o guri trava. Se um treinador diz aos seus jogadores que eles não têm condições de vencer, quem vai acreditar neles? O torcedor? Eles próprios? Como será a preleção, supostamente motivacional? Que erro, estátua! Será que tu vais driblar essa encrenca? Acho difícil. E, tchê, pensa mais antes de falar, sobre diversos assuntos. Sabe aquela história de que Deus nos criou com duas orelhas e só uma boca? É pra ouvir mais e falar menos.
…
Shabat shalom
Foto da Capa: Wikipedia