A infância de Jesus ocupa menos espaço na Bíblia do que a poesia alternativa nos mais vendidos da Veja. O que se sabe é que Ele nasceu em Belém, foi adorado por reis magos do Oriente, e depois fugiu para o Egito, para não ser morto por Herodes.
Mais tarde veio morar em Nazaré onde cresceu e começou a trabalhar como carpinteiro. Nada muito além de tais informações.
Suas habilidades especialíssimas, contudo, só se aprimorariam a partir dos 12 anos. Foi quando participou, em Jerusalém, da festa de Páscoa e impressionou os líderes da sinagoga com sua sabedoria e compreensão das Escrituras.
Mas isso é a versão oficial. Os textos apócrifos, apesar de conterem fake news aos montes, trazem informações instigantes sobre seus primeiros anos no planeta Terra.
Soube que um desses obscuros manuscritos, até hoje mantido na clandestinidade, revela algo extraordinário: na mesma hora em que Cristo nasceu, outro menino veio ao mundo. Na manjedoura da rua de cima. Susej era seu nome. Como pode-se perceber, Susej era o oposto de Jesus: um demônio.
Jesus tinha contato com atividades agrícolas, como a ceifa. Ainda gurizinho, Susej ceifava a vida de passarinhos, insetos, peixes ou qualquer coisa que se mexesse à sua frente.
Jesus sabia ler hebraico e conhecia bem os textos sagrados. Susej preferia dar cavalos-de-pau em jumentos, ou participar dos rachas nas bigas, pelas ruas poeirentas de Nazaré.
Dois vizinhos de almas e práticas completamente opostas. Mas Susej, como costuma ocorrer, apesar de tão diferente do Nazareno, foi a sua companhia mais constante no período pueril.
A Bíblia relata que o primeiro milagre de Jesus, transformando água em vinho, ocorreu após o seu batismo, com cerca de 30 anos de idade. Todavia, o documento não-oficial, garante que o Senhor fez alguns outros prodígios bem antes. E sob influência de Susej, que teve domínio sobre sua personalidade durante toda a infância.
O mais famoso foi quando Jesus tinha apenas 10 anos. O diabo do Susej atentava o Pai, que naquele tempo ainda era Filho, com suas manias de poder e grandeza.
– Sei que está ocupado terminando as prateleiras da casa do Lázaro. Mas e aquilo que te pedi?
– A boca fala do que está cheio o coração. Podes me contar qual é o teu desejo, irmão… – afirmou o garoto, ao mesmo tempo em que serrava um caibro.
– É simples: que ninguém consiga fazer mais nada na vida sem mim. Só isso. Dá pra ser?
O jovem Jesus refletiu por um tempo. Então, respondeu com a candura de sempre:
– Tudo é possível ao que crê.
– É um sim? – quis saber Susej, excitado.
– Há mais felicidade em dar do que há em receber – confirmou o menino Redentor, epigramático como de costume.
A partir daquele instante, o filho de Maria e José não disse mais palavra. Mirou os céus, abriu os braços, se concentrando. Na sequência, veio o primeiro de seus numerosos milagres: 1983 anos antes da invenção do celular, transformou Susej num smartphone.