Pobre do meu Jornalismo…
Cada vez mais essencial
Mas jogado num abismo
Não faltassem as ignorâncias
Ainda vem a tecnologia
Com suas falsas relevâncias
Qualquer um pode escrever
Outros se põem a falar
Sem a uma ética responder
O repórter de antigamente
Às vezes é o “influencer”
Confundindo muita gente
Mas peço que você não confunda
O repórter é profissional
O leviano é o que sai da bunda
E no lugar da antiga fonte
Agora temos o “x-9”
Aquele que mente um monte
Em comum estão as leviandades
Unindo no mesmo time
Uma coleção de barbaridades
Alguns dirão que é um nicho
E respondo que é perigoso
Além de ser um baita lixo
Só que é importante separar!
“Influencers” e jornalistas
Não habitam o mesmo lar
E quanto maior a leviandade
Cresce o Jornalismo
Como grande necessidade
Esse paradoxo desconcerta
Porque a busca de audiência
Mantém a porteira aberta
Ao lhe falar ao pé do ouvido
O comunicador agrada o povo
Mas a credibilidade cai no olvido
O rumor é uma temeridade
Confundida com informação
Ao se contrapor à verdade
E é por isso que eu digo
Que o público precisa
Separar o joio do trigo
Essencial que haja regulação
Para que o irresponsável
Responda por sua má ação
E é apropriado comparar
O espaço virtual
Com uma mesa de bar
Não demos crédito algum
Nem a muitos “influencers”
Nem ao papo do bebum
O jornalismo é a luz do Sol
Mas a mentira campeia
Indo da política ao futebol
A desinformação sobre Suárez
É um exemplo acabado
Da leviandade dando os ares
Entre verdades e incoerências
Sobraram muitas mentiras
Porque a meta são as audiências
No caso da bola e seu fanatismo
A leviandade que campeia
É amplificada pelo extremismo
Vale até mentir pra ter seguidor
Porque no rastro da audiência
Vem o dinheiro do apoiador
…
O meio da política já é manjado
Você ouve a negação da vacina
E até que o Globo é chapado
Já vi jornal ter que publicar matéria
Para dizer, “por ‘a’ mais ‘b’”,
Que a Terra ser redonda é coisa séria
Vejam o exemplo que citei!
Os caras matam de novo
Até o Copérnico e o Galilei
Mas até já me fizeram rir
Ao dizerem que Adorno compôs
De “Love me do” a “Let it be”
…
E o futebol às vezes me contraria
A tal da rivalidade
Dá margem a muita vilania
Haja paixão para sustentar
Um ambiente sádico
Em que há incentivo para odiar
Nunca foi meu temperamento
Desejar ao outro
O seu aniquilamento
Mas é o que mais se vê
No barrabrava, no fofoqueiro
E até no cara da tevê
Convenhamos que é dose
Tem figuras agora
Que torcem até pra uma artrose
…
PS: dita em rimas, a inquietação deste jornalista dá lugar agora a um apelo: por favor, não tente se informar por redes sociais ou pelo tio do zap, porque, na verdade, você não conseguirá. É a mesma coisa que buscar um diagnóstico médico no espaço ilimitado da internet, é como contratar os serviços dum curandeiro (e não médico) ou dum rábula (e não advogado). Esses meios virtuais não costumam ser fonte de informação, mas de confusão, desinformação, leviandade e fake news. Lembro que “informação”, necessariamente, é verdadeira. E, como eu disse com a irreverência de um poema, agora vou direto ao ponto, com muita seriedade: o jornalismo é cada vez mais essencial, na medida em que precisa mostrar o que é informação e o que é conversa de bebum na mesa do enorme bar da virtualidade impalpável. Evite os oportunistas e consuma jornalismo, sem moderação!
…
Shabat shalom!
Foto da Capa: Redação do Jornal O Globo / Reprodução