Na chegada da transição entre 2022 e 2023, a palavra de ordem é “cautela”. E a figura de linguagem é “mantenha apertado o torniquete”. Estamos ainda em meio à luta. Eros e Thanatos se engalfinham no meio do ringue! O amor e a vida ainda precisam de doses cavalares da nossa mobilização e consciência existencialista para agir contra o ódio e a morte.
Veja bem, preste atenção: eu próprio sou case de relaxamento. Há uma semana, me senti meio indisposto e nem esquentei. No dia seguinte, tive dores de cabeça e garganta. Hmmmm. No posterior, me senti febril. Medi a temperatura. Deu 38,1! Fiz o autoteste. Xi! A malvada me achou. Deu positivo. Sintomas leves graças às três vacinas tomadas, mas, enfim, peguei covid pela primeira vez.
A minha questão aqui é: por que três doses?! Se eu já podia ter tomado a quarta (tendo proteção ainda maior), por que não a tomei? Relaxamento, óbvio! O que explica que o mesmo sujeito (eu) tenha enfrentado sete filas enormes até conseguir a xepa na primeira dose e agora passa apressado na frente de postos vazios e pensa “ah, deixa (a quarta dose) pra depois”?
As três doses me protegeram, isso pra mim está claro. Mas a proteção poderia ser ainda maior. É certo que, passado um mês do meu isolamento, vou correndo tomar a quarta dose!
A atual onda de covid, causada por uma subvariante “neta” da Ômicron, aumentou já em cerca de 260% as hospitalizações de pessoas infectadas no Rio Grande do Sul no último mês, mostram estatísticas do Ministério da Saúde trazidas à tona pelo ótimo repórter Marcel Hartmann, de GZH.
E os médicos estão gritando: atualizem o calendário vacinal!!!
Assim que possível, voltarei a prestar atenção na divina voz da ciência e atenderei aos gritos de alerta.
A nau da alta cobertura vacinal nitidamente está nos fazendo atravessar esse pântano. Mas os remos continuam necessitando do nosso esforço hercúleo. Em nome de Eros!
Conforme o querido colega Marcel, o grande aumento no número de hospitalizados com covid indica aceleração de contágio e rápida propagação do vírus. Relata ele: “Ao longo do último mês, o número de gaúchos internados com coronavírus em leitos clínicos, destinados a casos menos graves, aumentou de 131 para 476 – crescimento de 263%. Já o número de internados em UTIs para pacientes com estado de saúde gravíssimo, passou de 33 para 116 em todo o Rio Grande do Sul, um aumento de 251%. No ápice da pandemia, no verão do ano passado, eram mais de 2,6 mil pessoas em UTIs. Segundo especialistas, uma mudança se desenha na pandemia: as pessoas não se internam ‘por’ covid, mas ‘com’ covid.”
Tem boas notícias aí.
Mas as boas noticiais dependem de boas práticas.
Rememos!
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Agora vamos falar de outra doença: o bolsonarismo. Pessoal, o catártico 30 de outubro, momento comparável ao das Diretas Já!, também é uma nau que recém deixou o porto e necessita das nossas braçadas pra se manter firme sobre as águas traiçoeiras, cheias de tubarões e patriotas que ainda mantêm os cascos unidos na frente dos pneus.
Vejo o governo se formando com pessoas de extrema confiança do presidente Lula. É justo, esperado e recomendável. Alguns nomes tidos desde sempre como certos me desagradam. Uma figura controversa e sinistra, “bolivariana” de carteirinha e antissemita por natureza, deve cuidar da comunicação. Putz. Era esperado, porque o sujeito foi leal ao presidente eleito no momento mais difícil. Mas dói. Incomoda! Não me chamem pra tomar chá da tarde com esse sujeito. Prefiro chá adoçado, e não apimentado. Mas rememos com ardor, porque a alternativa a isso é a virtual demolição do lindo país tropical e tropicalista que tanto amamos.
Rememos e tentemos atenuar o ardor da pimenta, aquele condimento usado por pais repressores quando castigam e limitam os filhos justo na sua língua, parte da anatomia essencial pra… aiaiai… a comunicação!
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O legado de 2022 como culminância do Quadriênio Quadrúpede foi o atropelamento impiedoso do Dias Gomes. Jamais ele cogitaria, entre Zecas Diabos e Dirceus Borboletas, personagem coadjuvante tão curioso como o Moro. A desenvoltura desse sujeito entre a prisão do adversário de candidato ao qual serviria como ministro e a representação de quem antes pôs no xilindró é de uma desfaçatez difícil de achar em Sucupira, Saramandaia e Macondo jutas!
E sobre vilões?! Te cuida Odete Roitman! No derradeiro debate, a cena em que o Bozo incorpora o impensável papel de ecologista e grita que “o Lula desmatou muito mais!” precisa entrar urgentemente pra antologia das vilanias cênicas regadas a um cinismo que talvez ainda possa nos provocar risos.
Enfim, assim o ano termina.
Com muita esperança, mas longe do fim. Que as cenas dos próximos capítulos nos sejam leves!
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PS: em meio a rumores, quando este texto já havia sido enviado pra publicação, foram anunciados (excelentes) nomes do novo ministério. De lavar a alma! Criador da essencial e definitiva expressão “Racismo Estrutural”, o genial Silvio Almeida será o novo ministro dos Direitos Humanos. Substituirá a… Damares Alves! Parabéns a todas as mentes lúcidas, inteligentes e humanistas deste país. Merecemos comemorar muito!!! Primeira medida? Certamente será espalhar sal grosso no prédio do ministério. O Carcará andou ali.
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Shabat Shalom!