Agucem os ouvidos, porque vem vindo sonzaço aí. O Charly vai lançar novo disco, e a garantia de qualidade, óbvio, é absoluta.
O título em si já é excelente: “A lógica do escorpião”. Bela imagem destes tempos de egoísmos, estupidezes e ignorâncias.
No próximo dia 11, então, oficialmente, Charly García lançará sua nova obra de arte (sempre são obras de arte…).
E haverá participações especiais como as de David Lebón, Fito Páez e, a partir de gravações feitas em parceria, teremos até a voz póstuma de outro gênio: o “flaco” Luis Spinetta.
Palmas! Urros! Alvíssaras!
O último disco do Charly García foi lançado há sete anos.
O álbum, que terá versão em vinil, terá composições novas do Charly, regravações de êxitos e clássicos em inglês.
Teremos versões revisitadas de David Bowie e John Lennon. De Bowie, será “América”. De John, será “Watching the Wheels”.
Entre tantas coisas de que este colunista gosta na Argentina, está o rock do Charly, do Fito, do Spinetta, do Calamaro, do Cerati e de bandas diversificadas, como A77aque, Rata Blanca, Estelares, Ratones Paranoicos, Los fabulosos cadillacs e os fundadores dessa maravilha toda, que são Los Gatos e Manal.
Tchê, perdoem-me quem gosta de rivalidades tolas, mas… como eu amo a Argentina! Vivo contando que morei lá, né? Claro! Tenho orgulho infinito dessa época e do muito que me ficou.
Gosto de contar uma história que é reveladora: quando voltei do meu prolífico período de sete meses como correspondente em Buenos Aires, engatei quase que de forma direta a cobertura de 40 dias na Copa do Mundo da França, sempre pela Folha de S. Paulo. E qual era meu livro de cabeceira nos hotéis de Paris, Nantes e Marselha? Juro: os dois volumes do Martin Fierro.
Buenas, mas voltemos ao nosso assunto.
Será o disco 14 do Charly García, pela Sony Music.
Tem 13 faixas.
A versão em vinil terá edição limitada (7 mil exemplares), com a arte da festejada ilustradora Renata Schussheim, a amiga que faz cenários dos shows de Charly García há 42 anos. Vai vender como pão quente. E, claro, haverá em CDs e nas plataformas digitais.
E vejam que legal: algumas das novas versões compostas por Charly foram feitas quando ele esteve morando na casa de campo do Palito Ortega, nome essencial da música argentina, que estendeu a mão ao roqueiro quando sua saúde complicou.
Mas, de resto, rolou no apartamento do artista, na esquina da Coronel Díaz com a Santa Fe. Ora, ora… só sete quadras em linha reta em direção ao meu apartamentinho que fazia às vezes de escritório da Folha na esquina da Santa Fe com a Araoz.
Juro que muitas vezes passei pela frente e suspirei. Era o meu caminho em direção ao centro, e eu costumava andar muito.
A lógica do escorpião tem como fundo a fábula do escorpião carregado por uma rã para conseguir atravessar o rio e a pica, provocando a absurda morte de ambos. Ou seja, zero lógica e muita sacanagem envolvida, porque é da natureza do escorpião envenenar, mesmo que ele próprio morra ao fazer isso.
A esta altura da vida, talvez Charly García se refira ao ser humano.
Mas, enfim.
Cerati
Já que o assunto é rock argentino, vai aqui um lembrete: no momento em que escrevo esta coluna, dia 4 de setembro, está fazendo 10 anos que morreu prematuramente o enorme Gustavo Cerati. Seja liderando a banda Soda Stereo ou ele em carreira solo, Cerati, com sua guitarra inconfundível, composições de rock progressivo e voz afinada, é uma figura essencial. “Adiós”, “Crimen”, “De música ligera”. Arte pura!
Estão agendados vários eventos em toda a Argentina.
Bah, como ele merece!
…
Shabat shalom!
Foto da Capa: Divulgação
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